Tem dias que nosso corpo sente a tristeza profunda nos nossos corações.
Por mais que sua mãe fale que você sempre fica assim quando algo ruim acontece, você sabe que não fica assim quando algo bom acontece.
Sua tempora dói, sente o fundo do olho ardendo lentamente, latente, como a memória da sua felicidade, latente, com a verdade que você não tem coragem de expressar, pois algo muito ruim aconteceu ao mesmo tempo.
Como se pode ficar feliz em meio ao caos, a tristeza, a infelicidade de seus entes queridos, diante das preocupações de todos e do constante nervosismo de algo pior estar por vir? Como?
Tem horas na vida que não agüentamos mais coisa e coisas ruins acontecendo, coisas e coisas tristes acontecendo, uma pos a outras! Então um dia você se escreve para algo sem uma maior perspectiva de vitória ou ganhos pessoais, se escreve por que a oportunidade estava na sua cara e dessa forma era impossível negar. Ai a vitória vem.
Mas quem está perto pra aplaudir? Quem irá lhe parabenizar? Importa o tamanho da vitória?
Cada vitória que nos deixa a caminho do objetivo final, do objetivo profissional, leva você para o lado certo da estrada, estimula você a caminhar olhando em volta. Apreciar o caminho é sempre melhor que correr em desespero para achar uma placa que diga: “objetivo a 1000km” e ai você sabe quem não esta se perdendo.
Simplesmente talvez existam pessoas que não possam comemorar a vitória, seus familiares não entendem, sua família ignora afinal vitória mesmo é arrumar um emprego e arrumar a casa, fazer faxina, rezar, casar, fazer uma família e ser um adulto. Ninguém se importa que tipo de adulto vocês viraram ou agente virará. Principalmente no Brasil.
Cada dia crianças e jovens sofrem mais e mais de problemas psicológicos que eu nunca soube que existiam. Depressão, extresse, bipolaridade, distúrbios de atenção, compulsão, vícios e mais vícios. Frutos da modernidade, de estudos, frutos da possibilidade da existência. Coisas essas que só me levam a acreditar que realmente tudo é culpa da linguagem. Pois sem nomes, sem invenções, esses problemas não iam existir, sem problemas não há o que tratar e remediar. Então passam a existir crianças como sempre existiram. Crianças normais, sem problemas, com algumas dificuldades, mais com mais vitórias.
Pessoas menos preocupadas com consultas e medicamentos, mais preocupadas com suas vidas, preocupadas em superar suas dificuldades, sem esperança de quem um remédio deixe tudo ficar bom. Traga todas as vitórias, todos os sonhos falecidos do mundo dos mortos. Todos os dias que perderam e todas as horas dedicadas a algo sem resposta.
Vitórias nem sempre são compreendidas como deveriam, não são valorizadas, são completamente desmerecidas. Então no interior de alguém elas podem morrer. Não há vitórias sem um longo grito de GOL, sem sua torcida vibrar de emoção, sem que você possa dizer eu venci e carregar sua taça.
Certas vitórias não são o final. São só e apenas o começo. É como a estréia glamurosa de um filme que na verdade não garante seu sucesso. Durante sua entrada no tapete vermelho você olha envolta e não tem ningém que você esperava, sua família não foi. Opa pêra ai quem é aquele careca? Ah! É seu pai que foi embora com outra mulher! Seu pródigo pai, ta lá com uma faixa e tudo mais. O que fazer quando a vitória só é compreendida e comemorada por felizes estranhos?
Será que é considerável quando você é parabenizado antes de ser realmente verdade?
